Segreda-me junto ao teu peito, na junta, na alma e no coração; ensina-me a ser livre, a ser livro. Liberta-me, leia-me, rascunha-me. Pois eu cansei de ter um rosto, cansei de fingir ser alguém. Agora eu sou um nada, agora eu sou um ovo. Preciso ser chocada para assim renascer.
E então me ensinaras a voar, pássaro triste e sem asas que sou. Voando ao meu lado e ensinando-me a ter a liberdade que tanto almejo, ensina-me a apenas ser passarinho. Voando com asas de porcelana ao teu encontro, meu passarinho, voo de encontro ao teu ninho. E então, aninhando-me em teu peito, passarinhando-me junto de ti, crava-me com tuas garras afiadas, rasga meu peito, dilacera esse coração que pulsa freneticamente. Espanca-me com tuas bofetadas poéticas, agride-me aos berros, aos beijos. Aninha-me junto aos teus versos, crava tuas raízes em meu peito, no fundo de mim, crava teus medos, teus anseios. Crava teu mais feroz infinito de amar, meu poema, meu amor. Crava em meu peito esse teu poema atroz, ouse carregar-me junto de ti, e ao menos desta vez, permita-me viver.
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